14 de dezembro de 2016

Do outro lado da praxe

O que é para ti a praxe? 
Entre muitas questões esta foi a que mais me fez pensar o ano passado - o meu ano de caloira. Ponham de lado o encher ou gritar obscenidades para os trajados. Sim, isso existe, mas não é o ponto central da praxe. Praxe é a união, o respeito e a criação de experiências e memórias futuras. 
Tradição? Talvez, mas em que consiste essa tradição? Sabe-se a história dessa mesma tradição ou é apenas bonito dizer que é uma tradição? Questionaram esses motivos? Pensaram se essas tradições ainda se justificam nos dias atuais? Até as melhores tradições sofrem alterações e adaptam-se aos tempos modernos. É preciso uma evolução para que os utilizadores continuem a gostar e a apreciar essa mesma tradição. É interessante saber o porquê de termos 12 nervuras na camisa ou porque é que temos um "chapéu" (Kiko), é ainda mais interessante ver que todos os estudantes sabem a razão e a história desta tradição, é fascinante ver os caloiros levarem a história no nosso traje para outras cidades, é ainda mais estimulante perceber que temos uma cultura local que no possibilita ter um traje diferente e não nos limitarmos ao tradicional. O mesmo devia acontecer com os momentos de praxe, temos algo diferente e único, mas porquê? Qual a sua história? Não se pode pedir a alguém que dignifique uma situação apenas porque é tradição, as pessoas precisam de saber os motivos e origens, precisam de criar ligações. Mais uma vez realço: as tradições podem (e devem) adaptar-se às realidades da sociedade. 
Voltemos ao início deste texto e analisemos a frase "Praxe é a união, o respeito(...)", para as pessoas contra a praxe pode pensar que nós vivemos qualquer experiência menos respeito e união, mas não é bem assim. O respeito é criado a partir do momento em que os caloiros sabem que nós - trajados - somos mais velhos e temo mais experiência na escola. Temos mais conhecimentos na nossa área de estudos e podemos ajudá-los em qualquer dificuldade. A praxe não é sinónimo de infligir dor a alguém. Os caloiros sabem o que têm de saber, quando erram são repreendidos, mas essa repreensão limita-se a quando erram. Se a fase "teórica" da praxe estiver bem estudada passamos aos momentos engraçados e onde levam as melhores experiências da praxe. É nos jogos que lhe propomos que eles têm de se unir para conseguir fazer, é nos desafios mais absurdos que eles trabalham em conjuntos para nos apresentar o melhor que sabem e conseguem. São esses momentos criados na praxe que facilitam os trabalhos de grupo ao longo dos semestre ou que nos preparam um pouco para as apresentações orais. 
Voltemos ao respeito. O nosso respeito começa onde termina o respeito do outro e vice versa, mas o respeito de cada um é relativo e muitas vezes podemos estar a invadir negativamente o espaço de alguém. Nenhum trajado tem o direito de faltar ao respeito a um caloiro ou de gozar com a cara. Os caloiros, por mais que digamos não serem nada, continuam a ser pessoas. Podemos ter opiniões diferentes, visões diferentes, mas conseguir transmitir as nossas intenções aos caloiros sem berrarmos feitos galinhas ou sermos pior que a Ursula da Pequena Sereia. 
E se a praxe a união e respeito, porquê é que continua presente o rivalismo de curso em praxes de escola? Esse é o momento para nos divertirmos e aproveitarmos todos juntos. O teu curso contra o meu curso, claro que aceito tal justificação, mas fora da praxe de escola. Esses gestos só continuam a motivar a falar de compatibilidade entre os caloiros e não mostra uma boa imagem da parte dos trajados. Dizemos ser crescidos, mais experientes e capacitados o suficiente para "educar" os alunos de 1º ano, mas quando é realmente preciso não sabemos por os problemas pessoais de lado e praxarmos todos como um.
Então deixo-vos uma nova questão: Será que são os caloiros que não são bons caloiros ou os trajados que não sabem ser bons trajados?

1 comentário:

  1. Querida vou-me abster desta questão porque não fiz faculdade e sinto que não tenho o conhecimento para dar a minha opinião nesta situação. Um beijo babe <3

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